Natureza cores músicas… Os benefícios dos micromomentos
Natureza, cores, músicas… Os benefícios dos micromomentos – O foco em assuntos simples pode reduzir o estresse e renovar a energia. Especialistas consultados explicam como encontrar um espaço no dia para si mesmo pode nos fazer conectar com o desejo e o prazer.
Natureza, cores, músicas… Os benefícios dos micromomentos
O culto ao “multitarefa” (multitask) impede que as pessoas possam focar e dedicar toda a sua atenção ao lazer, à ação de não fazer nada ou à ociosidade. A sociedade pós-moderna exige produtividade, ser produtivo, estar fazendo coisas o tempo todo, administrar duas, três ou quatro frentes simultaneamente. O prazo é sempre pra ontem.
Essa forma de trabalho acelerada e hiperprodutiva é a árvore que nos impede de ver a floresta. É onde o melhor funcionário é aquele que fica depois do horário de trabalho, o melhor aluno faz mais do que o que lhe é pedido e os melhores pais, além de cumprir suas obrigações de trabalho, casa e alimentação, cuidar das atividades intermináveis de seus filhos, fazer seus deveres de casa com eles, levá-los para o parque, levá-los de uma ponta a outra, ficam com a cabeça desmoronada, que chega à noite superacelerada. Insônia, estresse e cansaço físico são sinais de alerta que gritam para nós: precisamos parar um pouco e aproveitar um pouco mais as coisas.
Segundo o filósofo e escritor sul-coreano Byung-Chul Han, o estresse, que está aumentando, não possibilita nem mesmo um descanso repousante. É por isso que muitas pessoas adoecem precisamente durante seus momentos de lazer. Essa doença é chamada de síndrome do lazer. O lazer se tornou uma ociosidade insuportável, uma forma de trabalho vazia insuportável. Para o escritor, hoje em dia o tempo de trabalho se tornou total e absoluto, nós realmente deveríamos inventar uma nova forma de tempo. Se se verificar que nosso tempo vital ou a duração de nossa vida coincide completamente com o tempo de trabalho, como já é em parte o caso hoje, então a própria vida torna-se radicalmente fugaz.
O que são os micromomentos?
Os micromomentos são uma forma de contrabalancear essa atenção negativa que está embutida em todos os seres humanos. Esse foco negativo é um mecanismo de sobrevivência, mas também a raiz de problemas de saúde mental, como transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade e depressão. Uma das maneiras de neutralizar o desvio negativo é chamar a atenção para os micromomentos de alegria, admiração, criatividade ou conexão.
Você pode incorporar essa prática em sua vida diária enquanto caminha, se conecta com a natureza ou faz atividades que você gosta, lê um livro, olha o céu ou simplesmente fecha os olhos por um tempo.
Profissionais referência em bem-estar e instrutores de yoga explicam como é importante tirar um micromomento por dia: um momento para nós mesmos todos os dias, porque é o hábito e a constância que criam o resultado.
Vivemos uma vida muito agitada, onde estamos sempre desconectados de nós mesmos, e encontrar esse momento é começar a viver um pouco de equilíbrio para nos sentirmos bem, deixar de lado os lugares que nos deixam desconfortáveis, procurar outras possibilidades… Porque sempre há uma maneira de se sentir um pouco melhor e quando a encontramos conseguimos o equilíbrio.
Subjetividade
Para muitos um micromomento significa paz, para outros é um momento com eles mesmos, um momento para reiniciar. Uma conclusão recorrente é a necessidade de se isolar de vez em quando, do caos da vida cotidiana e de aproveitar os momentos agradáveis que a vida oferece.
O próprio estresse e a ansiedade do dia a dia é o que mais causa ejaculação precoce nos homens, por exemplo. Muitas vezes, basta colocar em prática uma rotina de pompoar masculino (ou exercícios de kegel) com certa periodicidade para reduzir as causas psicológicas e, consequentemente, ajudar no problema.
É essencial, pelo menos, pensar em pelo menos alguns minutos que nos dêem aquele banho de luz, de energia para voltarmos a fazer o que estamos fazendo. Muitos dizem ter dificuldade para dar a si mesmo esse tempo. Mas o ideal é não exigir isso de si: ainda que você faça uma aula inteira de yoga, de repente pode ser o suficiente se concentrar no chuveiro ou fazer alguns movimentos pela manhã antes de sair do quarto. Quando for sair pra algum lugar, tente fazer isso sem ouvir música, sem olhar para o celular. Conecte-se com o que está fazendo. Esse é o seu momento ideal para recarregar.
Colocar o foco em coisas simples, tais como ficar maravilhado com uma característica da natureza, cores, arte, o ritmo de uma canção ou olhar para um rosto familiar. Isso pode ajudar a acalmar o estresse, renovar energia, enquanto por um tempo nos desconectamos para nos conectarmos com outros sentidos.
Por que é necessário guardar pelo menos um micromomento?
É importante poder fazer isso para não se estressar, para alguns é um esporte, caminhada, uma corridinha ou trabalhos manuais. O momento ou a atividade é particular a cada pessoa. Fazer isso evita estar sobrecarregado, subjugado. É isso que afirmam os psicanalistas.
Podemos chamar isso de lazer criativo: um momento que nos permite reconectar com nossos desejos, nossos sonhos pendentes, com nossa família. Estamos sempre pensando no que é produtivo e não em nossas necessidades como seres humanos, não em estar bem consigo mesmo e com o meio ambiente.
Para os especialistas, é também uma forma de nos resgatarmos dos microtraumas diários, tão diferentes para todos em tempos de pandemias, guerras e governos irresponsáveis.
A Sociedade e a hiperatividade
A sociedade do cansaço está ligada à saturação causada pela hiperatividade. Essa abordagem se opõe aos elogios da vida ativa promovida pela escritora e teórica e política alemã Hannah Arendt, onde produzir gera vida e trabalhar gera mundanidade. Pedimos um retorno à vida contemplativa, que se encontra sobretudo na observação.
Recuperando a autonomia
Quando não encontramos tempo para nós mesmos, entregamos o poder à rotina diária, ao que os outros nos dizem, ao que está acontecendo fora, no exterior, onde há sempre muito barulho. Não é à toa que tantos homens ficam mais preocupados em ter um tanquinho ou no tamanho do próprio órgão sexual: muitos têm essa insegurança e procuram medir o pênis justamente porque dão mais atenção à aprovação de fora (pornografia, sexualização excessiva) do que a si mesmo.
Quando conseguimos ter esse tempo para nós mesmos, tomamos o poder de escolher. Isso pode acontecer “imediatamente” após uma meditação, uma prática de yoga, escrever, respirar ou colocar os pés sobre a grama… Aí tomamos consciência de nosso poder e começamos a escolher o que é melhor para nós.
Muitas vezes a demanda acaba restringindo qualquer micromomento possível, porque não atinge a escala pretendida. A primeira coisa a se fazer para ter um micromomento é largar de mão a exigência. Diga não à exigência de que esse momento tenha que ser de tal forma, que você tenha de conectar de tal forma ou levar o tempo que você acha que devia durar. No entanto, isso pode ser algo muito difícil de alcançar.
Sentimento de culpa por não realizar tarefas produtivas
Geralmente o prazer está associado à preguiça e, portanto, ao sentimento de culpa por não realizar tarefas produtivas. Mas devemos desafiar esses pensamentos limitantes e mudá-los para outros que nos fortalecem e nos fazem sentir plenos e felizes com as decisões de ter prazer para nós mesmos.
Também salientamos que a chave é tomar decisões conscientes para poder desfrutar dos momentos sem culpa. É importante entender que para que isso aconteça é preciso ter um equilíbrio, um equilíbrio interno, para saber que o descanso faz parte do treinamento, que assim como os carros de Fórmula 1, o pit-stop faz parte da corrida, que afiar o machado é tão importante quanto cortar a árvore.
O tempo é a coisa mais valiosa e democrática que existe, todos temos 24 horas por dia e 7 dias por semana, a diferença está em como cada um pode administrá-lo, existem fatores externos, aqueles que não dependem de nós, e também, mais do que pensamos, fatores internos que dependem cem por cento de nós.
Na vida, podemos falar de anos, meses, dias, horas, momentos. E micromomentos.
Conclusão: como reconquistar esses micromomentos?
Começando a tomar consciência da respiração. Dedicar um exercício de atenção por dia não significa ser um especialista em yoga, mas trazer a atenção a todos os lugares, no momento em que você lava a louça, escova os dentes ou fala com outra pessoa sem pensar no que responder ou no que vai fazer em seguida.